Sucessão na Celesc
Cleverson Siewert renunciou e deixa a presidência da Celesc no dia 21 de dezembro
Está
fervendo, nos bastidores, a sucessão presidencial na Celesc. Como é de domínio
público, o atual diretor-presidente, Cleverson Siewert, renunciou e deixa o
comando no dia 21 de dezembro. A Diretoria Jurídica também estará vaga a partir
do dia 22 deste mês. Isso porque Antônio Linhares, diretor jurídico, foi eleito
Diretor Comercial pelos funcionários. Ele é obrigado a renunciar ao cargo em
que atua para assumir na área comercial.
Só
que o prazo para o governo indicar seus nomes está acabando. Termina agora,
amanhã, dia 6 de dezembro. É regra estabelecida pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM). A próxima reunião do Conselho está marcada para o dia 13 de
dezembro.
Também
já veio ao conhecimento do distinto público uma reunião entre os dirigentes da
EDP, maior acionista da elétrica com 25% das ações (o governo tem 21% dos
papeis), e o governador eleito, Carlos Moisés. À imprensa, divulgou-se apenas a
parte da conversa que tratou de expansão energética. Mas também debateu-se ali
o processo sucessório da Celesc.
Branco
A
EDP sinalizou o nome do experiente e competente Ênio Branco, com atuação de
longa data no setor elétrico. Branco já foi diretor Financeiro e de Geração da
Celesc e também presidiu a Celg, Companhia Elétrica de Goiás. Mas haverá
dificuldades para que ele emplaque, apesar de atuar em sintonia com a linha
defendida pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
Ligado a Guedes
Outro
nome é de um advogado de Joinville, Paulo Costa. Este ligado ao próprio Guedes
e ao grupo que trabalha fortemente no
diapasão das privatizações. Mas ele também, apesar da ligação com Guedes, já
estaria sendo rifado depois de ter sido atirado aos leões que estão de olho no
filé mignon chamado Centrais Elétricas de Santa Catarina.
Sem espaço
Quanto
a Cleverson Siewert, que fez uma gestão reconhecida, já se sabia que ele não
teria espaço de continuidade após a definição do primeiro turno. Gelson Merisio
não o manteria. Cleverson é ligado ao
MDB e ascendeu ao poder público pelas mãos do falecido Luiz Henrique da
Silveira. Quanto a Carlos Moisés, ele teria razões pessoais para não manter o
atual diretor-presidente.
Do mercado
Apesar
das articulações em torno de Ênio Branco e de Paulo Costa, o nome que surgiu
forte para comandar a Celesc no início da semana, e com o respaldo do mercado,
é o do engenheiro Manoel Arlindo Zaroni Torres.
Setor privado
Zaroni
Torres presidiu a Tractebel-Engie, a
empresa que comprou o setor de geração de energia da Eletrosul lá na década de
1990. O engenheiro fez um belo trabalho durante os 15 anos em que pilotou a
hoje Engie em Santa Catarina. É um grande nome, considerado visionário e à
altura da Celesc e com respaldo dos investidores e acionistas. A
Tractebel-Engie é a maior gerador privada de energia do Brasil.
Como funciona
A
Celesc sempre foi considerada a joia da coroa da Administração Estadual, embora
não faça parte da administração direta. E este é um dos motivos. A empresa não
está inserida nos problemas do dia a dia do governo, como Fazenda, Saúde,
Educação, Segurança, etc. Ali, não há atraso de folha, a Celesc tem faturamento
próprio e o próprio governo estadual fala com a empresa através do conselho da
companhia.
Divisão do bolo
No
total, são 11 integrantes deste colegiado. Seis cadeiras quem indica é a
administração estadual. A EDP, maior
acionista, indica outro três, um dos conselheiros representa os empregados e a
outra vaga é dos acionistas minoritários, como Lirio Parisotto.
Maioria
Embora
tenha maioria no conselho, o governo não indica, tira e coloca conselheiros
sozinho. São necessários oito votos. Ou seja, além dos seus seis nomes, o
Centro Administrativo precisa de mais dois votos para emplacar. Dos seis
governistas, o presidente da Celesc tem uma vaga, o presidente da Celos (A
fundação previdenciária da empresa) tem outra. Sobram quatro cadeiras. Derly
Anunciação, atual conselheiro, é ligado ao MDB e deve renunciar. Edison Andrino
e Paulo Meller, estes emedebistas e cruz na testa, dificilmente permanecerão. O
único que deve permanecer deste grupo é o advogado Luciano Ched.
Negociações
Trocando
em miúdos, o governo deverá indicar três novos conselheiros, sendo parte deste
grupo o próprio presidente e o diretor jurídico. Carlos Moisés, o governador
eleito, terá que negociar com Eduardo Pinho Moreira, atual inquilino do Centro
Administrativo. Este é o quadro. O mercado olha com atenção para se posicionar
acerca do novo comando da companhia energética de Santa Catarina.
Prisco Paraiso - Parceria que se sucede
Gabriel Fronzi - Da área